Didática para professores de Bíblia
Como melhorar sua aula e deixar seus alunos interessados
“A
capacidade de ensinar não é um dom mágico contido nos cromossomos de uma
minoria favorecida. Ensinar é uma arte: pode ser aprendida, praticada e
cultivada como qualquer outra habilidade de alto nível” Lucien E. Coleman Jr.
Trataremos
da mesma coisa de sempre com idéias novas. A mesma coisa de sempre, mais idéias
novas é igual à melhor aprendizagem.
Considerações preliminares sobre ensino
e professores
1. O
ensino cristão é um chamado Divino.
O Senhor continua convocando para
a importante tarefa de ensinar a Bíblia. Efésios 4.11 “E Ele mesmo concedeu uns
para... mestres”; 1ª Coríntios 12.28 “A uns estabeleceu Deus na
igreja... mestres” (Almeida Revista e Atualizada, ARA).
2. Os
professores que Deus chama precisa de treinamento.
“Procura apresentar-te diante de
deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade” (Seja um bom obreiro, um obreiro que não precisa ficar
envergonhado quando Deus examina o seu trabalho e ensina corretamente a palavra da
verdade, Nova Bíblia Viva, NBV)
2ª Timóteo 2.15.
3. Na
arte de ensinar não há substituto para o treinamento básico.
4. A
capacidade de ensinar é aperfeiçoada pela prática.
Ninguém aprende a ensinar
simplesmente ouvindo como se faz, a arte de ensinar se aprende fazendo, é
preciso ler, assimilar, expor, errar, e, continuar tentando.
“O único lugar aonde sucesso vem
antes de trabalho, é no dicionário”.
5. A
Bíblia é o centro do ensino cristão.
A Bíblia deve ser a base de
princípios de toda a Educação Religiosa Cristã. Família, Teologia Sistemática,
Missões, entre outras tantas.
A postura do professor em relação
à tarefa de ensinar será em grande parte responsável pelo clima das aulas. O
que o professor é e o que ele faz na classe de estudo bíblico, é tão importante
quanto o que ele sabe. O professor deve conciliar: perícia (preparo, aptidão).
com entusiasmo (disposição mental e física) de ensinar; e, sensibilidade (em
relação aos alunos) e percepção (do ambiente) para cada dia de aula.
O que é ensino bíblico?
Quando
concluí um curso de Educação Cristã, (no Instituto Bíblico de Campinas,
Goiânia, IBCAMP), descobri que havia aprendido apenas uma coisa: “Aprendi a
aprender”. Aprendi a aprender, porque fui ajudado, orientado, guiado a
aprender.
O
papel do professor é facilitar a aprendizagem, é despertar ideias na mente dos
alunos.
Clima de aprendizagem
Tanto
aluno quanto professor, influencia, positivamente ou negativamente, no clima da
classe, mas, cabe ao professor tomar a iniciativa.
Num
grupo de estudo bíblico, cada pessoa precisa ter a sensação de que é de casa,
precisa se sentir valorizada, ter sua participação apreciada, ser conhecida,
compreendida, ouvida, aceita como pessoa.
Como
Influenciar positivamente a classe?
Dentre
tantas, notemos algumas:
1.
Faça
menção do aluno pelo nome, o som mais doce para uma pessoa é seu nome.
2.
Interaja
com o aluno não só durante a aula, mas também, antes ou depois das aulas.
3.
Permita
que o aluno fale participando da aula.
4.
Não
interrompa o aluno quando este estiver falando.
5.
Mantenha
contato visual com o aluno quando ele estiver falando.
6.
Se
o aluno fizer uma pergunta responda, ou se comprometa em trazer a resposta na
próxima aula.
Princípios fundamentais
1.
Liderança firme sem dominar a
classe.
Para isso o professor precisa da
estrutura (plano de aula) e propósito (objetivo final aprendizagem) a aula, mas
deve estar preparado para fazer mudanças no decorrer da aula se necessário.
2. Conceda
tempo para a aprendizagem, sem permitir que a aula fique maçante.
Diz respeito, a administração do
tempo em relação à participação do aluno. De maneira equilibrada, permita que o
aluno, reflita, pense e participe.
3. Desafie
sem ameaçar.
Diz respeito ao nível de
aprendizagem. Desafie o aluno a pensar, esclarecer ideias vagas e a justificar
seu próprio ponto de vista; sem, contudo exceder o nível do aluno para que este
não fique desencorajado.
4. Perguntas
e respostas.
a. Se você deseja obter informações
específicas, faça perguntas específicas?
b. Enuncie um conceito e peça para
os alunos explicarem.
c. Faça perguntas hipotéticas
visando provocar um debate.
d. Faça pergunta problema para
estimular a reflexão sobre determinados princípios bíblicos.
Didática
Princípios de didática
1.
As
pessoas esforçam-se por aprender quando a aprendizagem lhes proporciona prazer,
satisfaz necessidades ou promete ser útil.
Há assuntos na bíblia, que a
princípio, não desperta interesse, nem por isso devem ser ignorados ou
ensinados de maneira enfadonha. O que o povo quer é entender a bíblia. Quando
se entende o que está sendo ensinado, a receptividade por parte do aluno se
torna prazerosa. O segredo é simplificar! Quando se simplifica se é entendido,
e o entendimento gera convicção.
E, se torna útil e necessária,
quando se é feita a aplicação à vida do aluno, e isso se faz respondendo a
seguinte pergunta:
Em que sentido as pessoas
deveriam mudar ao estudar este trecho da Escritura? A resposta a esta pergunta
será o ponto de contato entre o ensino e sua utilidade na vida do aluno.
2.
O
grau de participação é maior nos grupos de aprendizagem quando as atividades
didáticas são direcionadas à pessoa em sua totalidade.
O melhor estudo bíblico envolve
todos os aspectos do ser humano, e os métodos ensino/aprendizagem, devem
envolver o aluno como ser completo: Fisicamente, psicologicamente e
espiritualmente.
“O
evangelho é para todo homem, e para o homem todo”.
3.
O
ensino baseado em metas é mais eficiente do que aquele que não possui propósito
específico.
Quem não sabe pra onde está indo
termina em lugar nenhum, ou lugares errados.
A meta permite liderar a aula com mais facilidade, e avaliar a
aprendizagem.
4.
É
mais provável que os alunos participem de atividades de aprendizagem quando o
professor cria o clima adequado no inicio da aula.
Livrar os alunos de distrações e
influências que concorrem com a aprendizagem, e, direciona-los para o objetivo
da aula, a aprendizagem.
a. Desperte a curiosidade.
b. Lance situações hipotéticas ou
conflitantes.
5.
Quando
o professor fizer uso de perguntas elas devem variar em forma, escopo e grau de
dificuldade.
Evite fazer perguntas simples e
limitadas, que possuem só uma resposta certa.
Perguntas devem desafiar o
intelecto, despertar a curiosidade e o interesse.
Métodos didáticos
Preleção
A
definição formal de preleção é: discurso público informativo.
Pressupõe
que o professor tem algo que precisa compartilhar; algo, que o aluno precisa ou
deseja ouvir.
1. Saiba
do que você esta falando.
Se um assunto merece uma
preleção, merece ser estudado.
É preciso familiarizar-se com o
assunto, mediante, um bom trabalho e pesquisa.
“A pesquisa quando está sendo
realizada, por um lado, exige muita dedicação e esforço, mas, garantira o
magnetismo que uma preleção merece”.
Pesquise
assuntos das lições para saber como se encaixam, desenvolva uma visão
específica de cada lição antes de ensinar, e, responda as seguintes perguntas:
Qual é a ideia central ou ênfase
desta parte passagem bíblica?
Que outras ideias serão de
interesse para minha classe?
Como meus alunos podem
beneficiar-se desta lição em termos de suas necessidades, e interesses
pessoais?
A que precisarei dar atenção
especial no decorrer do estudo desta lição?
2. Utilize
a preleção combinada a outros métodos.
Quebre a cadência rígida da
preleção. Mude o ritmo e o tom, antes de passar para outro ponto ou atividade.
Recursos áudio visuais que podem
ser combinados à preleção:
a. Esboços
(Templo de
Salomão; Mapas...).
b. Diagramas
(Organização do
arraial de Israel; O Plano Divino através dos Séculos...).
c. Ilustrações
Gráficas
(Vestuário do sumo sacerdote...).
Também pode ser feito exercícios
por escrito, debate e dupla, leitura em classe, etc.
3. Focalize
e refocalize a atenção.
Ao usar recursos áudio visuais,
não mostre tudo e uma vez, mas em progressão.
Se preciso for, use técnicas de
envolvimento (algum som, comando ou postura do preletor), mas, sem exageros.
Durante a ministração, se fizer
menção a algum texto que deve ser lido (Bíblia ou livro texto), certifique-se
que todos localizaram a referencia, então, retome a preleção.
4. Utilize
ilustrações em profusão.
Ilustrar é iluminar no lugar onde
precisamos ver melhor. A ilustração tem o propósito de esclarecer e justificar
uma ideia.
Há Cinco tipos de ilustrações:
1.
Conceitual: Quando se cita pensamento ou
opinião de uma pessoa.
2.
Técnica: Quando se explica um princípio
científico ou técnico.
3.
Estórica: Anedota imaginária, lenda ou
parábola.
4.
Histórica: Quando se narra um fato,
registrado ou transmitido pela imprensa; ou ainda, ouvido de testemunhas.
5.
Pessoal: Fatos testemunhados ou
protagonizados pelo professor.
a. Diga sempre a verdade.
b. Certifique-se dos fatos quando
envolver outras pessoas.
c. Fuja da auto-exaltação.
d. Evite a delação.
Cuidados a tomar ao contar uma
ilustração
a. Cada ilustração tem que ter uma
relação direta com o assunto que se quer ilustrar.
b. Evite detalhes que não estão
diretamente ligados ao assunto, pois, podem desviar atenção dos alunos do foco
principal da lição.
c. Não passe como verdadeiros fatos
que são duvidosos, cujas fontes são indeterminadas.
Preparando lições com antecedência
1.
Poucos
de nós alcançam seu melhor desempenho sob pressão.
2.
Nem
sempre conseguimos fazer uma estimativa de quanto tempo será necessário para a
preparação de uma lição.
3.
Professores
que começam a se preparar com antecedência podem tirar vantagem de fontes
enriquecedoras.
4.
Quando
não dispensamos tempo suficiente à preparação da lição, nossa tendência é
recorrer a métodos didáticos que exigem um mínimo de preparação.
5.
O
ensino criativo exige tempo.
Hermenêutica e exegese
1.
Hermenêutica é a ciência de
interpretação textual
A Hermenêutica não é apenas um
conjunto de regras de interpretação, mas, uma ciência que tem fundamentação
racional com uma maneira peculiar de ação. A finalidade da Hermenêutica é dar
uma interpretação correta a um texto, através de seus princípios de
interpretação, que são:
Regra Fundamental: “A
Bíblia Interpreta a Própria Bíblia”.
1ª Regra: “O quanto for possível, tomar as palavras em seu sentido usual comum”.
2ª Regra: “Tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase”.
3ª Regra: “Toma as palavras no sentido que indica o contexto”.
Obs. O contexto pode ser:
Anterior, posterior, paralelo ou remoto.
4ª Regra: “Considerar o objetivo ou desígnio do texto, em que aparecem palavras
obscuras”.
5ª Regra: “Consulte passagens paralelas”.
Obs. Paralelos de palavras,
ideias, e, ensinos.
2.
Exegese é a arte de expor uma ideia.
Do grego: Exegese: exposição; do verbo,
exágô: tirar para fora. Conduzir, expor.
Expl. Lucas 1.1 “narração
coordenada” no grego é exegese.
A finalidade da exegese é dispor
os elementos, de maneira clara, lógica, sequencial, progressiva, estética, e, convincente.
Exegese é transmissão, comunicação,
exposição.
A exegese pode ser admitida como
hermenêutica somente quando o exegeta não é apenas o expositor, mas o
interprete.
Faz-se necessário o conhecimento
básico de línguas originais da bíblia, para usar plenamente tanto a Hermenêutica
quanto a Exegese.
Att